Guia Rápido Para Dúvidas Frequentes: Ácido Tranexâmico no Trauma

O ácido tranexâmico atua inibindo por competição tanto a ativação quanto a atuação da plasmina. Sua ação, portanto, se faz na fase posterior à formação do coágulo ou, mais precisamente, alargando o tempo de dissolução da rede de fibrina. O ácido tranexâmico não ativa a cascata da coagulação. Sua ação preserva o coágulo, tornando o mecanismo hemostático mais eficiente, reduzindo a intensidade e os riscos de sangramento.

Atualmente o uso dessa medicação é respaldado por 3 estudos. O CASH-2 avaliou sua administração em pacientes vítimas de trauma. Os estudos CRASH-IBS e, mais recentemente, CRASH-3 o estudaram em contexto de traumatismo cranioencefálico.

Indicações:

  1. Pacientes vítimas de traumatismo cranioencefálico, com escala de coma de Glasgow ≥ 9 e < 12 e/ou com ambas as pupilas fotorreativas em até 3 horas do trauma.
  2. Pacientes vítimas de trauma com hemorragia significativa (hipotensão ou taquicardia) ou com risco de hemorragia significativa em até 3 horas do trauma

Apresentação disponível: Injetável 50mg/mL, ampola com 5mL (250mg/5mL).

Diluição: 25 a 250mL de SF 0.9% ou SG 5%. Não foram encontradas informações sobre a concentração máxima.

Sugestão de preparo: 1g em 10 minutos seguido de 1g em 8 horas (4 ampolas + 100mL de SF 0.9% em 10 minutos, seguido de 4 ampolas em 250ml de SF 0.9% em 8 horas).  Nota: nos casos de trauma extra-craniano, manter infusão de 1g de 8/8 horas em caso de evidências de sangramento persistente.

Precauções: Velocidades de administração acima de 50mg/h podem cursar com hipotensão e com bradicardia.

Contra-indicações: está contraindicado em portadores de coagulação intravascular ativa, vasculopatia oclusiva aguda e em pacientes com hipersensibilidade aos componentes da fórmula.

Farmacocinética: Aproximadamente 90% de uma dose intravenosa é excretada, “in natura”, na urina, em 24 horas. A meia-vida plasmática é de aproximadamente 2 horas, mantendo níveis terapêuticos por 6 a 8 horas.

Ajuste para a função renal: De acordo  com as recomendações do fabricante, há necessidade de ajuste da dose de ácido tranexâmico para a função renal. No entanto, os estudos que determinaram as doses do ácido tranexâmico nos contextos de sangramento (CRASH-2 e CRASH-3) não tiveram essa cautela. Ou seja, as doses administradas são fixas e, quando se trata de uma emergência médica, não devem ser corrigidas pelo clearance de creatinina.

Veja também:

CRASH-3 Study: Sangue, suor e lágrimas

CRASH to the future

Referências

  • Manual farmacêutico Albert Einstein, https://aplicacoes.einstein.br/manualfarmaceutico
  • GUIA FARMACÊUTICO 2014/2015 8a edição Hospital Sírio Libanês
  • Guia para preparo de medicamentos injetáveis 1ª edição – 2017 2017, Ebserh. Todos os direitos reservados Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh
  • Effect of intravenous corticosteroids on death within 14 days in 10008 adults with clinically significant head injury (MRC CRASH trial): randomised placebo-controlled trial. Lancet, October 09, 2014
  • Final results of MRC CRASH, a randomised placebo-controlled trial of intravenous corticosteroid in aduts with head injury – outcomes at 6 months. Lancet, May 26, 2005.
  • Effects of tranexamic acid on death, vascular occlusive events, and blood transfusion in trauma patients with significant haemorrhage (CRASH-2): a randomised, placebo-controlled trial. Lancet, June 15, 2010.
  • Effect of tranexamic acid in traumatic brain injury: a nested randomised, placebo controlled trial (CRASH-2 Intracranial Bleeding Study). BMJ, July 01,
  • Effects of tranexamic acid on death, disability, vascular occlusive events and other morbidities in patients with acute traumatic brain injury (CRASH-3): a randomised, placebo-controlled trial. Lancet

 

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