Tradicionalmente, a protamina é utilizada para antagonizar moléculas de heparina não fracionada (liquemineTM). A protamina é um polipeptídio, rico em arginina e, cuja molécula, apresenta polaridade positiva. Atualmente existem duas formulações a disponíveis no mercado: sulfato de protamina e cloridrato protamina. Dentre elas, o cloridrato é uma molécula mais estável sendo mais resistente à clivagem por peptidades.
Suas propriedades antagonistas em relação à heparina foram descobertas no início do século XX. Não obstante, doses incrementais da medicação podem aumentar o tempo de sangramento. Isso significa que, saber qual dose de protamina deve ser administra para um paciente em contexto sangramento por sobredosagem de heparina, é crucial para que se possa atingir o efeito hemostático desejado.
O mecanismo de ação da protamina se baseia na ligação eletrostática entre uma molécula positivamente carregada com uma molécula de heparina, cuja polaridade principal é negativa. A neutralização se dá, portanto, pela relação de 1:1 (uma molécula de protamina para uma molécula de heparina).
Vamos apenas nos lembrar que a heparina tem a propriedade de se ligar à antitrombina, um anticoagulante natural do organismo, capaz de inativas várias enzimas da cascata de coagulação, como os fatores IXa, Xa e trombina. A interação heparina-antitrombina aumenta a ação anticoagulante da antitrombina em mais de mil vezes.
A ligação da protamina com a heparina desfaz o complexo heparina-antitrombina e restaura a atividade normal (não potencializada) da antitrombina.
Quando a protamina é utilizada para antagonizar moléculas de heparina não fracionada, ela apresenta um rápido início de ação, de modo que suas propriedades anticoagulantes se iniciam em apenas 5 minutos após a administração. O tempo de ação da protamina em relação a moléculas menores (heparina de baixo peso molecular, clexaneTM) não é bem definido.
Além disso, devemos nos lembrar de que a mesma molécula de protamina pode ter efeitos estimulantes ao sangramento. Essas propriedades advêm da diminuição da função plaquetária e da ação inibitória direta sobre outros fatores da coagulação (I, II, V, VII, VIII, X).
A administração de protamina está associada a alterações imunológicas e inflamatórias, podendo induzir a reações anafiláticas, hipotensão, bradicardia e hipertensão pulmonar. A presença do complexo protamina-heparina também pode levar à formação de anticorpos das classes IgE e IgG. Eles, indiretamente, ativam as plaquetas e podem causar trombocitopenia.
Ampola de protamina:
10mg/mL. Ampola com 5mL
Dose máxima: 50mg em 10 minutos.
Cada mL contem 10mg de protamina, o que equivale a 1000U de protamina
Posologia:
A dose de protamina a ser utilizada depende do tempo transcorrido desde a administração da heparina. Isso ocorre devido ao tempo de meia vida da heparina.
Nota-se: recomenda-se dosagem de TTPa após 15 minutos da administração da protamina e então após 8 horas.
Diluição:
As ampolas são confeccionadas para serem utilizadas sem diluição. Caso se deseje diluir, a medicação é compatível com soro fisiológico 0,9% e com soro glicosado 5%.
Ajuste de dose para função renal e hepática:
Não foram encontradas informações
Precauções:
Assegure rápido acesso a vasopressores e equipamento de ressuscitação em caso de reações adversas.
Admintrar em injeção intravenosa lenta, não excedendo a velocidade de 50mg em 10 minutos.
Pacientes com alergia a peixe têm mais chance de reação adversa por hipersensibilidade.
Protamina é classificada como categoria C para gestantes, o que significa que seus efeitos sobre o feto são desconhecidos. Também não há informações sobre a excreção de protamina no leite materno.
Referências:
- Anticoagulant and side-effects of protamine in cardiac surgery: a narrative review, C. Boer, M. I. Meesters, D. Veerhoek and A. B. A. Vonk, British Journal of Anaesthesia, 120 (5): 914e927 (2018)
- https://www.accessdata.fda.gov/drugsatfda_docs/label/2016/019952s033lbl.pdf
- Manual farmacêutico Albert Einstein, https://aplicacoes.einstein.br/manualfarmaceutico
- GUIA FARMACÊUTICO 2014/2015 8a edição Hospital Sírio Libanês
- Guia para preparo de medicamentos injetáveis 1ª edição – 2017 2017, Ebserh. Todos os direitos reservados Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh